BRISA: O FILME

“BRISA” é o primeiro filme do projeto Cinema Possível realizado em HD e o 18º desde 2007. Contamos com a participação dos artistas: Artur Gomes, May Pasquetti e Jorge Ventura além de uma bela trilha sonora criada por Marko Andrade. Roteiro, direção e montagem de Jiddu Saldanha.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Brisa no 9º Festival de Esquetes de Cabo Frio.

Foi no dia 25, terceiro dia do festival de esquetes de Cabo Frio, o filme "Brisa" teve mais uma exibição na cidade de Cabo Frio, desta vez na entrada do Teatro Municipal da Cidade. Foi um momento mágico em que e repleto de poesia. Poder ver  a família "BRISA" brilhando na tela, foi uma experiência que fez balançar o coração da galera, é isso aí, BRISA na cabeça!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Brisa segue se reinventando e se projetando pelo caminho.

Depois de 09 exibições públicas o nosso curta metragem "Brisa" primeiro filme do projeto Cinema Possível feito em HD teve sua exibição ontem, dia 07.08.2011 no Espaço Cultural LD, em Cabo Frio, Jdim Nautilus. Uma grande experiência com um público que aprovou o trabalho. Curtiu a beleza da nossa atriz principal e vibrou com a poesia dos poetas para quem o filme foi feito.
Estamos somando caminhos e cada vez mais liberando a energia de nossa criação pra fazer somar e compartilhar a delícia que é a literatura produzida no pais através de audiovisual. Com mais este filme do Projeto Cinema Possível, mostramos para o público nosso foco principal de interesse. Somos alheios a competições, queremos participar da paisagem e dela tirar o máximo em amor e vida.
VIVA BRISA

sábado, 28 de maio de 2011

Um público estimado em 150 pessoas no Ateliê Eliane Guedes!

Isso mesmo, uma festa com mais de 150 pessoas presentes, um belíssimo sarau de lançamento da antologia de poetas da AleArt, Academia de Letras da Região dos Lagos.
Mais de 150 pessoas presentes, para ver uma vasta programação artítica
onde o filme "BRISA" esteve incluído na programação!



















Nosso filme, "BRISA" Esteve presente, com alguns pequenos problemas técnicos superados na hora, pudemos sentir o calor humano do público presente que vibrou positivamente a favor de nosso filme poema.
Com isto, nosso público real ultrapassa a 200 espectadores. É um ótimo começo de caminhada para um filme cujo artista principal é a POESIA!

domingo, 15 de maio de 2011

BRISA NO 27º Cine Mosquito!

Uma ótima experiência, desta vez, com o DVD gravado no formato certo e um bom equipamento de projeção equalizado deu pra sentir o potencial do filme "BRISA" muito rico na proposta poética com o desempenho da atriz Mayara Pasquetti em altíssmo grau. O Cine mosquito, cine clube do projeto Cinema Possível, ofereceu uma infra-estrutura adequada para que pudéssmos desfrutar do trabalho na telona. Aprovação total! Quem venham as próximas possibilidades e oprtunidade, "BRISA" veio pra ficar!

domingo, 24 de abril de 2011

Brisa começa sua trajetória.

Em uma segunda apresentação em público, o filme "BRISA" é mostrado para a 
diretoria da TRIBAL. (Tributo à arte e liberdade) instituição que congrega artistas
da cidade de Cabo Frio - RJ.

Depois de uma pré-estréia no SARART, em arraial do Cabo, onde tivemos a alegria de exibir o filme ao ar livre para uma platéia de todas as idades. O curta metragem “BRISA”, 18º Filme realizado pelo projeto Cinema Possível e a nossa primeira produção feita em HD, teve aprovação da platéia que se encantou não só com a beleza da atriz May Pasquetti mas também embarcou na poesia de Artur Gomes, Jorge Ventura, Eliakin Rufino, Herbert Emanuel e na reflexão de Airton Ortiz sobre seu trabalho com a prosa.
Os comentários ao final da exibição foram animadores e deu pra sentir a cumplicidade de um público que começa a entender a estratégia de nossa linguagem, onde procuramos mostrar a poesia dentro de um conceito de audiovisual que faça o público ampliar seu amor pela poesia enquanto forma, estética e ética.
No dia 24, em plena páscoa, exibimos o filme em caráter especial para a diretoria da TRIBAL uma instituição que agrega diversos artistas de Cabo Frio. A sessão fechada contou com a presença de um público crítico que viu atentamente o filme e, para nossa alegria, aplaudiu o resultado, o que nos deixou esperançoso em continuar levando o filme para diversos lugares.
Os dados já foram lançados e “BRISA” acaba de por o pé na estrada!

Clique aqui e assista o filme na íntegra.


terça-feira, 22 de março de 2011

Entrevista exclusiva com Renato Gusmão - poeta Paraense.

Convidamos o poeta, compositor e produtor cultural Renato Gusmão para ceder uma de suas composições para o Cineclipe oficial do filme "BRISA" e ele prontamente aceitou, o que nos deu grande alegria.
Acompanhe a entrevista abaixo e conheça um dos grandes agitadores da vida cultural de Belém do Pará.


"eu sou do tempo eu sou o próprio tempo
eu sou de um tempo que já passou
e que sempre passará
sou de um tempo simples
complexo sem nexo e fugaz
mesmo assim ainda queres andar comigo?
um narciso só
 solto na terra
espelho da própria ousadia

(Renato Gusmão)"

Cinema Possível – Como anda o panorama da poesia em Belém do Pará?

Renato Gusmão  – Vejo o panorama da poesia aqui em Belém com diversas cenas –  Há a cena acadêmica, em que esses escritores quase não se reúnem para divulgar suas produções, agem de formas isoladas, não saem para uma ação mais abrangente ou coletiva, visto que, assim, teriam mais facilidade pelos nomes que ostentam, por outro lado a mídia, também se interessa mais por “notório saber” e isso exclui os artistas autodidatas. Porém, temos a cena alternativa, aquela que leva estímulos à leitura em bairros, comunidades, regiões ribeirinhas, escolas públicas em geral, onde se engajam os elementos que formam grupos e idealizam movimentos, exemplo disso o Instituto Cultural Extremo Norte que promove e mantém a mais de seis anos, saraus lítero musicais todas as quartas-feiras, initerruptamente e isso é bacana.

CP – O que te motivou a escrever? Quais as grandes causas que rondam pelo universo da tua poesia?

RG – Bem, seria uma longa resposta, mas, vou sintetizar: Começou com o um professor do período de colégio, o mestre Manoel de Paula, que me estimulou o bastante para que eu me inclinasse de vez para a escrita. Portanto, aprendi que os grandes escritores brasileiros e mundiais facilitariam e muito nessa incursão, daí, esse arvorar intenso pela vontade de compor.
Ainda há os importantes contatos com excelentes escritores da minha região e por esse Brasil afora. Minhas participações em congressos e outros encontros são fundamentais para essa base. Acredito no sonho e no ideal de que ainda levando a leitura para todos onde possamos alcançar, daremos nossa grande parcela de contribuição para formação de leitores.

CP – Você tem parcerias com músicos paraenses, como é isso? Você escreve o poema que é musicado depois ou existe um processo de criação especialmente voltado para a composição musical.

RG – Tenho sim e são tantos, não só de paraenses  mas parceiros de várias outras regiões desse país, afinal, o que compomos carrega o título e merecidamente de MPB.
Comecei minha carreira escrevendo letras para serem musicadas e dei muita sorte, pois, meus parceiros todos são de excelentes qualidades musicais.
Quanto à forma de escrever, não há certa prioridade no que se refere a ordem da composição, o que vier primeiro é o que rola e de boa música. Diga-se.


TEU OLHAR

Teu olhar cigano
Negro mundano
Maduro
Clareia os amores
Castos
Inseguros

Teu olhar acalma
Atravessa muros
Chão mais duro
Trilha d’alma
Alumia os desejos
Em teu olhar eu vejo
Mares e peraus
Imagino o Tejo
E naus de outras águas
Dentro dos meus rios

Teu olhar noite de lua
Divide os mares
O céu e a terras
Todos os lugares

Fruto no galho
Inveja para outros olhos

Teu olhar
Enxerga o mundo
De ponta cabeça
Pela treliça do sol

Reparte a vida
No jogo do sim e do não
Atravessa muros
Chão mais duro
Nas trilhas
Do meu coração

(Renato Gusmão)

CP - No cenário cultural nacional, como você vê a relação do Pará com o Brasil como um todo? O que você acha que poderia melhorar?
Renato Gusmão declamando poemas em Belém,
sua terra natal.

RG – Vejo que temos aqui muitos talentos, na literatura, cinema, música, teatro, dança, arte plástica, etc... E muitos ganhando espaços em nível nacional, há uma série de bons criadores no Pará.
Existe também, uma grande troca de experiências entre esses artistas, a fim de melhorar o cenário cultural brasileiro.
Agora, sofremos de um enorme preconceito por sermos do norte, que é uma bobagem de pseudos intelectuais espalhados por aí. Então, está dito, o que precisa melhorar é essa postura desses que espalham essa ante cultura brasileira da exclusão. Que frescura é essa de achar que aqui andamos em meio as onças e jacarés. Visitamos, sim, o habitat de cada elemento da Amazônia, pois temos uma riqueza infinda que deve ser explorada artisticamente na amostragem de todos as vertentes, em cada pintura, em cada dança, em cada música, em cada poema... O Pará e a Amazônia no todo se descobrem toda hora, e abrem as portas para o mundo vir penetrar nesse universo místico de lendas e realidades e de nossos povos.

CP – A pergunta que não quer calar. A Amazônia? Como pulsa o coração de um poeta diante da realidade que se apresenta atualmente?

RG – Jiddu, sobre nossa região posso te dizer que o que mata não é a mata e sim a insensibilidade política brasileira e em potencial dos políticos amazônidas. Eles matam, queimam, vendem e locupletam-se.
Quanto ao sentimento desse poeta, digo que, emociona demasiadamente o fato desse caboclo aqui ter ganhado o presente divino de ser amazônida, e de saber que tem dentro desse mundo de águas e verdes matas, tantos outros artistas com esse mesmo pensar e que vivemos na tentativa de salvar tudo isso, através de nossas obras, são homens bons que nomear a todos não haverá espaço, mas posso enfatizar com orgulho alguns deles: Walter Freitas, Nilson Chaves, Joãozinho Gomes, Alcyr Guimarães, Eliana Barriga, Rita Melém, Roseli Sousa, Walcyr Monteiro, Antônio Juraci, Rui do Carmo, João de Jesus, Eliakin Rufino, Herbert Emanuel, Zé Miguel, Jorge Eiró, Klinger Carvalho, Acácio Sobral, Edir Proença, Jocasto, Jorane Castro, Salomão Laredo, Jaime Amaral...    


NOTURNO

poeta vagando
noite dentro da escuridão
alma de luz no peito
sonhos de imensidão

(Renato Gusmão)

CP – Fale um pouco da sua experiência com o Congresso Brasileiro de Poesia.

RG – Mano, te digo com fervor, essas minhas participações no congresso Brasileiro de Poesia na cidade de Bento Gonçalves – RS, são responsáveis pela abrangência de meu trabalho, pois lá, conheci artistas maravilhosos e ganhei uma grande experiência no que se refere subir ao palco. Levo para Bento, recitais que divido com May Pasquetti, Cláudia Gonçalves, Alex Barros, e vejo junto a Rodrigo Mebs, Marisa Vieira, Artur Gomes, Tchello de Barros, Dalmo Saraiva, Andrea Motta, Maria Clara Sigóbia, o pessoal do Poesia Simplesmente, Ricardo Reis, Isolda Marinho, Jiddu Saldanha, que é o meu mestre no hai cai (risos) em todos, um grande e verdadeiro sentimento fraterno, zelo grandioso com a poesia, com a leitura, uma vigília incessante para com a arte poética desse país. Com certeza um dos passos largos da minha carreira foi ir para o sul participar disso tudo. São tantos os projetos nesse Congresso que só tenho que desejar vida longa ao seu idealizador Antônio Ademir Bacca e que assim, todos os anos, voltemos a Bento.     

CP – Quem é Renato Gusmão por Renato Gusmão?

RG – É isso aí, Jiddu, eu sou eu com a minha arte. Minha arte é amar o bem feito e o que demais perfeito há nessa vida que somos nós os humano, então, decreto a mim, incondicionalmente: Amar acima de tudo!
Tento passar para as pessoas o que de verdadeiro há em mim. Sou amante da vida... Quero a vida por inteiro dentro da minha arte.
Incomoda-me muito a ante cultura, o lixo, o engodo cultural enfiado goela abaixo de cada brasileiro. A máquina mercadológica imperial que engana as crianças, os jovens e o velhos com essa mídia voraz desfazendo tudo o que já foi feito em prol da inteligência de nosso povo em algumas décadas atrás.    
Vibro para que os meus amigos que se comprometem em levar beleza e sonhos para o mundo sejam radicais no que está proposto em suas condutas, isto é, não abrir mão de seus ideais.
Então, Viva a arte de boa qualidade!

Para navegar no blog de Renato Gusmão clique aqui

Cine Clipe oficial do filme BRISA




domingo, 6 de fevereiro de 2011

MARKO ANDRADE - Entrevista exclusiva.

Marko Andrade é um amigo do projeto Cinema Possível, pois foi com ele que realizamos o primeiro videoclipe “COMUNHÃO”.
Hoje, 4 anos depois, resolvemos entrevistá-lo por razões óbvias. Nosso projeto cresceu e Marko continua firme com sua linguagem musical sofisticada e articulada nas raízes do melhor da música carioca.
Convidado para fazer a trilha sonora do filme “BRISA”, ele expõe, nesta entrevista, um pouco de sua visão de mundo.


Marco Andrade em Lumiar.
Cinema Possível - Marko sempre quis te perguntar isso: você é um músico apenas, ou um músico negro, qual a implicação desta reflexão?
Marko Andrade - Acho que esta reflexão eu faço também a minha vida inteira. A música faz parte do meu DNA, sempre fez, mas quando me descobri negro numa sociedade perversamente  preconceituosa, foi que eu me deparai que antes de tudo sou uma afro descendente, um sobrevivente e que a música seria minha ferramenta de  luta, de expressão e de reflexão nesta sociedade.

CP -  No teu CD Aldeia Afro Tupy há um flerte direto com o jongo e outros
ritmos afro-brasileiros, isso foi uma pesquisa? Uma vivência? Transpiração?
Transgressão?
MA - Na verdade e tudo isso junto, vivenciei o CD intensamente pois passamos, eu, Rodrigo Braga, Luiz Carlos batera, Antonio de Souza  e Jô Santana fazendo um laboratório intenso para conseguirmos uma sonoridade que pudesse traduzir nossas identidades, mas que fosse algo particular antenado com modernidade e com a poesia. Eu quis também colocar entranhado no CD um pouco do que aprendi com Darcy Ribeiro e o Darcy da serrinha. Trabalhei com ambos e foram muito importantes para o aprofundamento da minha leitura e interpretação deste Brasil de hoje, de como ele se configura e formatou este novo tipo de gente, em especial que futuro nos guarda... E o processo de maturação do CD foi também um grande privilégio pra mim, pois, reencontrei Luiz Carlos Batera , fizemos algumas parcerias e tive o prazer de conviver com um dos músicos mais espetaculares do mundo.  O resultado disso é que o CD tem uma mistura de Don salvador e Grupo Abolição, Banda Black Rio, Samba, Vanguarda do Jongo que fez parte da minha formação musical e se espalha mais lá na frente.

A louca

Eram antigos os buracos-corpos
Entalhado lentamente em memória-esculturas, 
E ela mesmo assim cuspia seus ossos-ruas
Na escuridão dos dias.
Os berros entalados no peito
E a solidão medieval,
Adormeciam as tardes na insônia dos bondes.
Um nectar lento e corrosivo
Transbordava-lhe a alma inteira
E ela mesmo assim girava a cabeça,
Escavava com as mãos cruas um deserto-fardo,
E em seu intenso peito farpado,
Emoldurava uma bela e estranha flor.

(Marko Andrade)

CP - As pessoas falam muito que letra de música e poesia são coisas diferentes e você é poeta também. Existe essa diferença dentro da
tua cabeça?
MA - Eu não consigo trabalhar com esta diferença. Pra mim a poesia é uma atitude diante do mundo e você pode traduzir esta atitude em forma de letra de musica, em forma de musica, em movimentos do corpo, em forma literária, etc., ou seja, esta linha de compreensão me faz implodir estas muralhas acadêmicas, que quadriculam e recortam tudo, estabelecendo limites meramente formais para uma questão que vai muito além da formalidade, pois quando falamos de arte falamos de uma linha muito tênue entre a lucidez que pode ser uma forma de prisão, e a loucura que pode ser uma força libertária.

CP -  A criança, o menino, o jovem e Marko Andrade, o que lia, leu, que
Influências chegaram e partiram?
MA - Eu li de tudo, da filosofia ao romance;  histórias e ensaios; dramaturgia e contos, etc. Isso desde muito cedo. Alguns  autores me marcaram.  Posso citar Spinosa, Foucault, Lima Barreto, João do Rio... Amo quadrinhos; ou seja, li e leio um pouco de tudo.


Minha prima macrô
Era a casa, um lugar branco,
Um recanto um sabiá,
Dias mastigados a vagar,
Cereais, corpos alvos,
Corações esverdecidos,
Aldeias salinas e fermento.
Transversais em sais,
Luzes, cristais do oriente,
Alho, malte, chá, gergelim,
 E um aroma doce no ar.
Mas a pele em febre sem refino
Vaza em fundo de desejos e ereção
Dissolvendo halo vegetal
E delatando sem verbo
A carne

(Marko Andrade)


CP – A pergunta que não quer calar: e o racismo?
MA - Eu entendo que o racismo no Brasil continua. Como sempre é escondido. Coopta os negros, embranquece os mestiços, e pinta os braços de preto. Tem uma perversidade entranhada, produto de uma engenharia ancorada no cinismo.

 CP – E a sua experiência com trilhas para teatro, cinema, como é isso?
MA -  Minha experiência com trilhas não são muitas, mas já trabalhei em algumas peças de teatro e um curta que foram muito importantes para mim, pois gosto muito desta mistura que possibilita a geração de tecidos instigantes, som e imagem; interagindo e reinventado novos ambientes. Gosto muito desta possibilidade.

CP – Quem é Marko Andrade por Marko Andrade?
MA - Meio louco, meio torto, meio transversalizado, meio radical, meio flutuante, meio pedra, meio gás, meio liquido, meio carne, meio osso... ,Mas todo coração!

Clique aqui para ouvir Marko Andrade.
Clique aqui e confira selo internacional que distribui a música de Marko Andrade.


Curta o Momento 
Marko Andrade


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrevista com May Pasquetti - Exclusiva.

May Pasquetti é atriz, poeta e completará sua formação em biologia este ano. É Gaúcha de Bento Gonçalves, a cidade que realiza o Congresso Brasileiro de Poesia a quase 20 anos. Atualmente vive e estuda em Porto Alegre. 
Escolhida para protagonizar o primeiro filme do Projeto Cinema Possível em HD, uma produção de 2011; May Pasquetti não é só um rosto bonito das terras gaúchas, mais que isso, ela é uma pessoa que transborda humanidade e inspiração. Sensível, debochada, brincalhona, tem o toque mágico das atrizes de cinema.

May Pasquetti. Um passeio pela cidade de Paris - 2010.
Cinema Possivel – Fale um pouco da sua vida, sua história, as lembranças da cidade de Bento Gonçalves, sua terra natal.
May Pasquetti - Vivi em Bento durante toda a minha infância e adolescência, até os 17 anos. Tenho milhares de lembranças sobre a cidade, de todos os tipos. Bento é uma cidade muito bonita; diria que em uma primeira impressão seria arrumada e aconchegante. É um lugar ótimo para conhecer e passar um tempo, mas sempre tive dificuldades para ver a cidade como minha casa. Imagino que essa sensação tenha relação com a falta de oportunidade para minhas áreas de interesse (artes e biologia) e com o aspecto provinciano da cidade.
A colonização prioritariamente italiana dá um tom conservador e muito ligado as aparências e isso me incomoda! A parte isso, tive uma ótima infância: brinquei muito na rua, subi em árvores, vivia com as pernas roxas! Adorava correr pelo “calçadão”, como chamamos a praça do chafariz de vinho, em frente à prefeitura. Passei boa parte da minha adolescência no shopping Bento com a “galera da lan house”, onde conheci meu primeiro namorado e fiz bons amigos. Não era muito próxima dos meus colegas da escola, na verdade fiquei mais amiga dos meus professores! Enfim, tenho carinho pela cidade, retorno pra lá mais ou menos a cada 15 dias para visitar meus pais, e tenho sim boas lembranças de lá. Recomendo muito para conhecer e realmente há vinhos ótimos e vinícolas lindas! E claro, no Congresso de Poesia, Bento Gonçalves se transforma!

CP – Como foi que você se interessou pela poesia.
MP - Meus pais sempre me incentivaram a ler. Desde pequena fui uma grande devoradora de livros. Descobri alguns poetas nas aulas de português/literatura do colégio, mas o interesse de conhecer mais veio por conta própria. E claro, desde que venho participando do Congresso de Poesia de Bento Gonçalves, e que comecei a me arriscar a escrever, tenho cada vez mais contato.

CP – Quais são seus poetas preferidos, vivos e mortos. Você tem alguma predileção?
MP - Nossa! Posso fazer uma lista enorme. Não tenho predileções. Acho que um dos pontos altos da poesia é justamente o fato dela ser mutável: cada vez que leio um poema surge uma nova interpretação. Então, os meus poetas prediletos acabam variando muito de acordo com o momento em que estou vivendo. Não vou citar nome de amigos pra não esquecer alguém! Mas pra citar alguns dos clássicos adoro Vinícius de Moraes, Mário Quintana, Mário de Andrade, Drummond, Neruda, Torquato Neto, Arnaldo Antunes, Baudelaire, Leminski, Ferreira Gullar, Florbela, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Rimbaud e muitos outros.

os sons lépidos
das palavras sórdidas
de um convite rápido
com desejos tórridos

depois cálida
flutuo límpida
me sentindo única
nos teus braços súbitos

(May Pasquetti)

 CP – No congresso de Poesia, em Bento, você é conhecida por dominar uma parte do repertório do poeta Artur Gomes, como foi que você se aproximou da poesia dele?
MP - Durante o Congresso Brasileiro de Poesia os poetas visitam as escolas da cidade fazendo apresentações e palestras, e a minha foi uma dessas. Lembro de irem dois anos seguidos Artur Gomes, Nayman, Christian (acho que era esse o nome, um menino moreno bem novo, não vi ele nos últimos congressos) e o próprio Jiddu Saldanha (que eu ajudei numa mímica, algo como segurar um copo imaginário que ele enchia). Depois disso procurei o Artur na internet (acho que ele colocou o orkut e o blog dele no quadro) e começamos a conversar. Um dia, perto de julho de 2006, ele me enviou umas cenas de teatro dele, e disse que queria encená-las no Congresso e eu me convidei para participar. Naquele ano Artur foi uma semana antes pra Bento para ministrar uma Oficina de Poesia Falada, da qual também participei, e ensaiamos. Desde então venho participando com ele do Congresso de Poesia. Também fizemos um recital juntos na Fenavinho Brasil 2007 e participamos do III VMH New Scene, no Rio.

May Pasquetti, meio musa, meio poeta, gente por inteira!
CP – Atualmente na universidade, você está estudando em Porto Alegre, fale um pouco da sua formação, projetos para o futuro e possibilidades dentro do mercado de trabalho.
MP - Estou terminando o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. As possibilidades no mercado dentro de Biologia são bastante amplas, o curso permite desde a docência em escolas de Educação Básica até a pesquisa de ponta em grandes empresas e Universidades. Eu pretendo seguir estudando na área de Bioquímica. Vou me formar no final deste ano (2011) e entrar para o Mestrado.

tempo
grandeza vã

capaz de se perder
no espaço
esfacelar-se em pó

dono de longos
e ligeiros passos
faz-se ausente
até deixar-nos
sós

(May Pasquetti)


CP – Como surgiu teu interesse pelo Cinema Possível.
MP - Sou uma grande admiradora de todos os tipos de arte. Conheci o Jiddu no Congresso de Poesia faz 5 anos, e desde então temos feito alguns pequenos filmes, que rodam pelo Youtube. Já vi vários filmes produzidos pelo projeto e achei todas as idéias do Cinema Possível incríveis. Agora em 2010 surgiu essa idéia do curta e Jiddu me convidou para filmar com Artur e Jorge. E tem sido ótimo! Agora não paro mais!

CP – Quem é Mayara Pasquetti por Mayara Pasquetti?
MP - Uma doida responsável, extremamente determinada e persistente, que adora arte de todos os tipos e que tenta fazer as outras pessoas gostarem também, uma (quase) bióloga, alguém que tenta ajudar os amigos sempre que pode, uma aprendiz de poeta, uma chata perfeccionista pra caramba, mas acho que antes de tudo sou alguém em constante aprendizado, que tenta tirar o máximo de todas as situações e que ainda tem muito pra aprontar por aí!

Marisa Vieira comenta May Pasquetti.

A primeira vez que assisti uma apresentação de May Pasquetti fiquei impressionada com tamanho talento de uma moça tão jovem. Praticamente uma "Pagu" da nova geração.

May tem uma ousadia de misturar o sagrado com profano e ainda te deixar com o gostinho de querer beber mais de sua poesia.
No palco é singular, consegue ser várias e ao mesmo tempo uma só, uma atriz revelação, dividir o palco com May Pasquete foi e sempre será uma grande honra!

Fico por aqui torcendo que o "Brisa" possa soprar aos quatro cantos do mundo e todos possam conhecer o talento e poesia de May Pasquetti.

Navegue no blog de Marisa Vieira - Clique aqui
Conheça a página dela no Alma de Poeta clicando aqui

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ARTUR GOMES - ENTREVISTA


Cinema Possível – Como foi que você se interessou pelo audiovisual?
Artur Gomes - Desde a década de 80 quando ainda  coordenador da Oficina de Artes Cênicas do Cefet Campos, todas as encenações que executava com os alunos da Oficina eram filmadas pelo setor de Áudio Visual da Escola, e isso de uma certa forma foi aguçando o meu olhar para essa linguagem, e de outra, eu já procurava produzir as montagens com os elementos multimídia que a infra-estrutura da Escola oferecia na época.
CP – A proposta de juntar o audiovisual com a poesia já era um desejo ou aconteceu naturalmente?
AG - A poesia escrita sempre esteve presente em todas as linguagens que até aqui experimentei,  e em todos os projetos multimídia que criei, tais como: Mostra Visual de Poesia Brasileira, Retalhos Imortais do SerAfim- Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim,  FestCampos de Poesia Falada, Fulinaíma Sax Blues Poesia, bem como em todas as minhas performances, fossem elas encenações  teatrais ou simplesmente poéticas. Chegar a produção do áudio visual, de uma certa forma não foi uma coisa  planejada, mas quando começou a acontecer, meu principal interesse era levar  a poesia para esta linguagem, foi e continua sendo o mais natural possível, mesmo que em alguns filmes que eu  tenha produzido, a poesia esteja ali enquanto essência estética. Mas a minha intenção com o áudio visual, é basicamente essa: colocar a poesia para circular numa mídia onde ela tenha a possibilidade de ser vista, lida, ouvida e sentida por todos os sentidos do corpo humano.


CP – Fale um pouco da Fulinaíma Filmes.
AG - A Fulinaíma Filmes nasceu graças ao Jiddu Saldanha, e o seu projeto Cinema Possível, nossos primeiros filmes nasceram de uma parceria que está chegando há duas décadas, e acredito que conseguimos alimentar de uma certa forma a Arte do outro, sem interferir na produção pessoal de cada um. Queremos produzir o possível cinema que não necessita de grandes aparatos, ou grandes produções. Continuo a ser essencialmente um poeta que aprendeu a lidar com outras linguagens e aproveitar de uma tecnologia barata a nossa disposição hoje, e daí aproveitar cada vez mais os espaços não convencionais para a criação e apresentação do seu produto poético.
Jura secreta 34 

por que te amo 
e amor não tem pele nome ou sobrenome 
não adianta chamar 
que ele não vem quando se quer 
porque tem seus próprios códigos e segredos 
mas não tenha medo 
pode sangrar pode doer 
e ferir fundo 
mas é razão de estar no mundo 
nem que seja por segundo 
por um beijo mesmo breve 
por que te amo 
no sol no sal no mar na neve
 (arturgomes)
Veja a atriz May Pasquetti recitando Jura Secreta 34 do poeta Artur Gomes

CP –O que você gosta de assistir? Quais os filmes que te influenciaram?
AG - Em cinema gosto dos Dramas, e das grandes Comédias, quanto a influências com certeza toda a obra do Glauber Rocha, sem descartar os filmes de Arte propriamente ditos. Sou um discípulo confesso do Oswald de Andrade, por isso a sátira o humor o escracho, os retalhos, os fragmentos, estejam eles focados em questões sócio políticas, amorosas, eróticas ou as pequenas cosias do cotidiano,  sempre me atraem também da mesma forma que os filmes mais sérios e voltados para os grandes temas da humanidade: vida paixão e morte por exemplo como na poesia do Mário Faustino.
CP – O que você acha que pode melhorar, no panorama do cinema brasileiro?
AG - Olha, não sou muito preocupado com esta questão de Mercado, é uma coisa que para mim passa muito distante como uma Escola de Samba que atravessa literalmente na Avenida, como frisa Zeca Baleiro numa de suas belas canções do CD Líricas. Acho que a preocupação deveria estar mais focada na Arte Cinematográfica em si, e menos nas bilheterias como esse apelo desenfreado para mostra o que de pior temos na sociedade como a violência, a corrupção, o banditismo entranhando em todas as áreas.
Acho que a Arte tem sim o seu compromisso com a realidade, mas pode ser mostrado de outra forma, violência pela violência não me atrai. Filmes como Cidade de Deus, Tropa de Elite, Carandiru, por mais bem produzidos e finalizados, não são obras que me toquem de alguma forma. Sou muito mais afeito a filmes como Morte em Veneza, por exemplo.
veracidade
porque trancar as portas 
tentar proibir as entradas
se eu já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?
um beija flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e este asfalto sob a sola dos meus pés:
agulha nos meus dedos

quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário:
João Guimarães Rosa Martins Fontes Caio Prado
um bacanal de ruas tortas
eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada 
na carne da rua aurora

Artur Gomes
 SampleAndo
Artur Gomes fala o poema Veracidade, veja o vídeo da fulinaíma filmes.

CP – Quais os filmes que te influenciaram?
AG - Para citar apenas 2, fico com Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, duas obras primas do Glauber.
CP - Quem é Artur Gomes, por Artur Gomes?
AG - Um poeta sem papas na língua, que chegou onde chegou pela ousadia da sua linguagem, que  com lirismo e sagaraNAgens conseguedesafinar o coro dos contentes, para concretizar a profecia do Torquato Neto, poeta entre os meus de cabeceira, e que ainda insiste em ter o prazer de escrever, falar, produzir poesia simplesmente pelo prazer de ser o que é: um bardo do caos urbano sem nenhuma palavra bíblica e muito menos avária. 
Desde que aprendeu a arrancar do gesto a palavra chave da palavra a imagem xis tudo por um risco tudo por triz.


Poeta, ator, videomaker e agitador cultural. Artur Gomes é um dedicado blogueiro, veja aqui  seus principais blogs.



experimentações interlinguagens – http://pelegrafia.blogspot.com

nação goytacá – http://boytacity.blogspot.com
Sampleando sempre ando – http://artur-gomess.blogspot.com
Musa da minnha Cannon – http://musadaminhacannon.blogspot.com



O Poeta Renato Gusmão comenta Artur Gomes


Renato Gusmão, um poetaparaense
de Belem do Pará
- ARTUR GOMES NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO

         Poesia moderna, escrachada, humorada, mundana, sagrada, saída dos cantos dos Campos Goitacazes, largada na primeira Avenida do Rio de Janeiro para depois ser encontrada em qualquer canto do mundo através do pulsar de outros poetas, declamadores fanáticos, admiradores dos poemas bem feitos, blogueiros, twiteiros.
         Artur Gomes é isso e aquilo, é a própria comunicação, é a palavra apalavrada fluindo e efervescendo da boca cuspindo verbos. Uma boca que pensa poeticamente e fala e fala muito. Toda hora, sem trégua. Artur é poesia todo santo dia, profanamente dia a dia. Benditos os caçadores de poesias que delas se entregam ao abate visceral. Artur Gomes evoca e adere aos santos do lirismo e da sagaraNAgem e só ele sabe o que fazer com as palavras.
         Saber da poesia de Artur Gomes é privilégio e definitivamente guardar na memória. Ouvir a declamação de Artur Gomes é ganhar presentes e definitivamente guardar no coração.

Visite o blog de Renato Gusmão - http://jrenatoogusmao.blogspot.com/



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Jorge Ventura: Uma entrevista exclusiva.

O Poeta Jorge Ventura.

Carioca, Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Associado à APPERJ (Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro), é também Cônsul Poetas Del Mundo (região Recreio dos Bandeirantes/RJ/Brasil), atual Diretor-suplente de Comunicação Social do SEERJ (Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro/ Brasil) e um dos coordenadores do Movimento Poetas Sem Fronteiras. Publicou três livros: Turbilhão de Símbolos, Surreal Semelhante e Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV. Premiado em muitos concursos e festivais, como poeta e Melhor Intérprete, sua poesia também está presente em antologias, sites, jornais online e portais literários. 


CULPA

Tecido raro,
última moda.

Corpo coberto
de pano e culpa.

Mentira e classe,
dono da rua.

De mais a roupa,
de menos o homem.

(Jorge Ventura)

Cinema Possível -  Onde o poeta, o publicitário e o ator se encontram em Jorge Ventura?
Jorge Ventura -  Chamam-me de um profissional multifacetado, devido à capacidade que tenho de exercer, com dedicação e responsabilidade, diversas atividades ao mesmo tempo. O que acontece, na verdade, é que eu consigo somar paixões ( mais que aptidões) que, inevitavelmente, convergem na arte e comunicação. Não saberia fazer outra coisa também. E acredito que o ponto de convergência está
no meu olhar diferente para o mundo e, com certeza, na minha vocação para criar textos, desenvolver idéias e lidar com o grande público. O jornalista e o publicitário são minha razão; o poeta e o ator, minha emoção. E assim, vou-me encontrando. 


CP - Gostaria que você divagasse sobre suas fontes de inspiração. O papel da musa, o social, a justiça.. etc...
JV - Com efeito, o ato de escrever desata o meu grito de liberdade.  E esta minha declaração (ou será revelação?) ganha contornos épicos, quando penso na minha necessidade de expressão. Trata-se de uma verdadeira saga, uma aventura heroica, poder expressar pensamentos e sentimentos, levando o público leitor à reflexão e à sua própria transformação. Eu considero isto um manifesto libertador. E, para mim, a poesia liberta.   
O meu fazer - poético acontece de maneira muito louca, mas não menos organizada. Ora sou impactado pela explosão do desejo (a musa inspiradora), ora pela injustiça social, pela solidão ou pela morte repentina de um amigo. Às vezes, a angústia e o assombro me inquietam tão profundamente que a inspiração surge de uma catarse espontânea, sem necessariamente estar associada a algum pensamento filosófico. O que não significa dizer que não vivo atormentado pelas questões existenciais, razão pela qual escrevo em busca de possíveis respostas. 

EXECUÇÃO


não se derrama o sangue
sem causa ou vingança
não se escreve à toa
quando se mancha a folha

nem em nome do Pai
tanto pranto se esvai
depressa como a tinta
maldita mágoa à míngua

no branco secular
do papel, a palavra
agoniza e se entrega
às honras do poeta

que, herói ou vilão
(quem dele sabe então?),
ergue o sabre, sua pena,
e executa o poema

(Jorge Ventura)


Jorge Ventura recita
o poema "O Silêncio"!




CP – Fale um pouco do seu amor pelo Rio de Janeiro.
JV -  Como todos sabem, ser carioca é muito mais do que ter naturalidade, é um verdadeiro estado de espírito para um cidadão, que se revela alegre, despojado, descontraído e extremamente sedutor. Apesar de não ser mais tão frequentador das praias cariocas como antigamente, tenho pelo Rio de Janeiro tamanha admiração e respeito pela sua própria natureza. Tive a oportunidade de conhecer diversas cidades no mundo, mas não tão incrivelmente bela como o Rio de Janeiro. Infelizmente, não sou carioca da gema, porém a minha afinidade com o chão que testemunhou meu nascimento é grande.



CP – Quais são os poetas que você leu e continua lendo até hoje. O que mudou no seu plano de leitura entre a adolescência e os dias de hoje?
JV - Eu era criança quando a literatura me provocava de modo diferente. Primeiro, foram os contos de Monteiro Lobato e de José Mauro de Vasconcelos (autor de “Meu Pé de Laranja Lima”).  Depois, foram os livros de Maria Clara Machado.  A magia da leitura me encantava e as estórias faziam parte do meu imaginário. Mais tarde, fui estudar literatura no ensino médio (antigo 2º grau) e me apaixonei de vez. Mas a poesia só chegou até mim, e de maneira definitiva, quando eu conheci as obras de Fernando Pessoa, Drummond e Ferreira Gullar. Até hoje eu os leio intensamente, pois foram eles os verdadeiros responsáveis pela minha dedicação à poesia. E os considero grandes pensadores, que muito influenciaram na construção do meu Ser.

CP – O Poeta (e o artista em geral) tem sempre gana de mudar o mundo. Se você tivesse uma varinha de condão, o que você mudaria no mundo de hoje?
JV - Acho que, se pudesse, mudaria – através da arte – todo o egoísmo que habitou o ser humano. Tentaria, com a máxima força, resgatar o sentimento altruísta que, lamentavelmente, sumiu nos dias de hoje. Por isso, vemos cada vez mais a desigualdade social crescer e, ao que parece, o Homem da atualidade não está muito interessado em melhorar sua conduta. Generalizando: estamos sós, insensíveis e com os olhos voltados para o próprio umbigo. Isto é muito triste.

CP – Vamos falar de cinema?  Quais os filmes que marcaram sua vida. Qual cinema freqüentou na infância e como tudo isso te tocou a alma.
JV - A minha ligação com o cinema é tão forte quanto a que tenho com o teatro. A diferença é que atuei mais vezes sobre os palcos do que diante das câmeras. Mas a paixão é a mesma, assim como a poesia. Quem me apresentou ao cinema foi meu pai, que me levava para assistir às matinês do desenho animado Tom e Jerry. Ficava fascinado com a sala de projeção escura e apenas aquele feixe luminoso saindo de uma janelinha. Era o Cine Baronesa – hoje, uma igreja evangélica – que ficava na Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Cresci assistindo aos filmes da Disney e as mega-produções da Metro e Fox. Depois, estudei um pouco de cinema, ainda na Faculdade de Jornalismo. Mais tarde, fiz cursos de roteiro para cinema e vídeo e conheci diversos gêneros, principalmente o cinema de arte. Seria quase impossível, para mim, listar os filmes que mais marcaram a minha vida, mas com certeza eu destaco os filmes de Ingmar Bergman, em especial o fantástico “O Sétimo Selo”. Se eu pudesse citar nomes de outros grandes cineastas, não poderia esquecer os nomes de Buñuel, Hitchcock, Kubrick, Kurosawa, Malle, entre outros.

CP – Quem é Jorge Ventura por Jorge Ventura?
JV - Uma criança sonhadora, ao mesmo tempo, um adulto determinado. Ou seja: um artista sensível e batalhador, incessante por realizações

Confira aqui links para saber mais sobre Jorge Ventura:

SITE DE JORGE VENTURA                  BLOG DE JORGE VENTURA


Telma da Costa comenta Jorge Ventura

Telma da Costa, poeta e cantora.
Fui no dicionário de significância de nomes para saber se a minha impressão da pessoa Jorge Ventura estava em harmonia com o que o nome evoca:
JORGE- agricultor; homem determinado e seguro de si; impetuoso; que respeita os limites das pessoas à sua volta. VENTURA- destino, sorte; risco; perigo.
O agricultor tem que ser determinado e paciente, tem que saber a hora certa da semeadura, respeitar essa semente e o tempo certo da colheita; e, acima de tudo, não pode ter medo do risco. Sim, essa é a pessoa Jorge Ventura.
O amigo Jorge foi feito em fogão de lenha, cozimento lento, amizade ainda mais saborosa. Nossa amizade foi construída com o tempo e pequenos gestos.
Dividir o palco com Jorge Ventura e seu talento é sempre um prazer, porque a cena flui. Para mim, enquanto atriz, a repetição da cena no ensaio é o maior dos prazeres no processo teatral. Foi maravilhoso perceber que para o Jorge também. Ele não se cansa de repetir a cena para melhorá-la, tornando-a orgânica e fluente.
Como poeta ele vem com suas gotas homeopáticas de poesia e luz nas letras.
Enfim, este é apenas um flash da pessoa, poeta, ator, e amigo JORGE VENTURA.



Tanussi Cardoso comenta Jorge Ventura

Tanussi Cardoso fotografado 
por Sérgio Caddah em 2002  no 
"Poesia na Quarta Capa."
JORGE VENTURA é um dos nossos grandes poetas. Tive o privilégio de escrever sobre isso, quando era colunista do jornal RIO LETRAS, cujo editor era outro grande poeta, Marcus Vinicius Quiroga. No texto, intitulado “A POESIA MULTIFACETADA DE JORGE VENTURA”, falava, entre outras coisas, de como o poeta, sem medo, expunha, sem hipocrisias, suas ideias, sua alma e, mesmo, seu corpo. Como ele se desnudava diante do leitor, permitindo, generosamente a ele (leitor), penetrar-lhe o mais íntimo de seu interior, desbravá-lo e conhecê-lo. Jorge Ventura diz “sim, à vida”, e é, humanamente, poeta.

Pois esse privilégio de ter conhecido o poeta foi-se espraiando e, logo, me foi permitido conhecer o outro lado artístico de Jorge Ventura: o de ator. Igualmente fantástico, gentil, perfeccionista, sempre preocupado com o outro, ajudando-o, dando dicas, sem qualquer pose ou estrelismo. Eu que, de quando em quando, me arrisco nos palcos, ao seu lado, sei bem o quanto Jorge Ventura se entrega para construir o melhor, a doar-se ao texto, e aos seus companheiros.
Mas o melhor de Jorge Ventura não se encontra nos palcos ou nos livros. O melhor de Jorge Ventura encontra-se no homem. É a partir dessa humanidade, desse encontro diário com o outro, nessa fonte de energia vital que brota dentro dele, que podemos encontrar a sua porção/poção melhor: a do amigo, a do irmão, a do amante integral, a do pai amantíssimo, a do homem político e social.
Conviver com o seu humor inteligente, com as suas diatribes ingênuas, com seu eterno jeito de menino-grande é um grande ensinamento para mim.
Obrigado, Jorge, pela ventura de tê-lo por perto. No meu coração.

Para visitar o blog de Tanussi Cardoso, clique AQUI

______________


Delayne se inseparável Violão.

Falar que Jorge Ventura é ator, publicitário, escritor significa registrar predicados. Conhecer e conviver com este ator, publicitário e escritor é comprovar seu talento, generosidade, dedicação, sensibilidade, humor, integridade. Saber de tudo isto e ainda usufruir da sua amizade é um presente único que cultivo com muito carinho.
Conheci o Jorge no movimento de poesia do Rio de Janeiro. Curiosamente e por coincidência, foi durante o evento organizado por Jiddu Saldanha, o Quarta Capa - que, naquela ocasião, acontecia no Centro da Cidade. Quando Jorge chegou ao evento, havia poucos lugares vagos, um dos quais na mesa ocupada por mim. Sugeri, então, que ele se sentasse ao meu lado. A partir daí, este lugar se transformou no espaço infinito e profundo do nosso encontro amoroso. Que bom poder, de lá para cá, abastecer e renovar nossa amizade nos eventos de poesia; nos ensaios, apresentações e eventos do grupo Poesia Simplesmente, do qual faço parte; ou nos bares e cantos da vida, onde as brincadeiras e o riso solto deste homem-menino contagiam e animam nossos corações. 
Pra terminar este depoimento, deixo aqui registrado o meu poema para o Jorge. Li estes versos no evento comemorativo dos seus belos anos de carreira artística.

Grande Ato
- Para Jorge Ventura

De olhos saltimbancos, o moleque
capta vozes e traços

Ternas caricaturas oferece
E, em troca, francos aplausos

No palco ou no papel, os versos 
tocam as almas com tato

Um artista fiel
No amor, o grande ato

(Delayne Brasil)

Para conhecer o grupo poesia simplesmente, do qual Delayne Brasil faz parte clique AQUI