Cinema Possível – Como foi que você se interessou pelo audiovisual?
Artur Gomes - Desde a década de 80 quando ainda coordenador da Oficina de Artes Cênicas do Cefet Campos, todas as encenações que executava com os alunos da Oficina eram filmadas pelo setor de Áudio Visual da Escola, e isso de uma certa forma foi aguçando o meu olhar para essa linguagem, e de outra, eu já procurava produzir as montagens com os elementos multimídia que a infra-estrutura da Escola oferecia na época.
Artur Gomes - Desde a década de 80 quando ainda coordenador da Oficina de Artes Cênicas do Cefet Campos, todas as encenações que executava com os alunos da Oficina eram filmadas pelo setor de Áudio Visual da Escola, e isso de uma certa forma foi aguçando o meu olhar para essa linguagem, e de outra, eu já procurava produzir as montagens com os elementos multimídia que a infra-estrutura da Escola oferecia na época.
CP – A proposta de juntar o audiovisual com a poesia já era um desejo ou aconteceu naturalmente?
AG - A poesia escrita sempre esteve presente em todas as linguagens que até aqui experimentei, e em todos os projetos multimídia que criei, tais como: Mostra Visual de Poesia Brasileira, Retalhos Imortais do SerAfim- Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, FestCampos de Poesia Falada, Fulinaíma Sax Blues Poesia, bem como em todas as minhas performances, fossem elas encenações teatrais ou simplesmente poéticas. Chegar a produção do áudio visual, de uma certa forma não foi uma coisa planejada, mas quando começou a acontecer, meu principal interesse era levar a poesia para esta linguagem, foi e continua sendo o mais natural possível, mesmo que em alguns filmes que eu tenha produzido, a poesia esteja ali enquanto essência estética. Mas a minha intenção com o áudio visual, é basicamente essa: colocar a poesia para circular numa mídia onde ela tenha a possibilidade de ser vista, lida, ouvida e sentida por todos os sentidos do corpo humano.
CP – Fale um pouco da Fulinaíma Filmes.
AG - A Fulinaíma Filmes nasceu graças ao Jiddu Saldanha, e o seu projeto Cinema Possível, nossos primeiros filmes nasceram de uma parceria que está chegando há duas décadas, e acredito que conseguimos alimentar de uma certa forma a Arte do outro, sem interferir na produção pessoal de cada um. Queremos produzir o possível cinema que não necessita de grandes aparatos, ou grandes produções. Continuo a ser essencialmente um poeta que aprendeu a lidar com outras linguagens e aproveitar de uma tecnologia barata a nossa disposição hoje, e daí aproveitar cada vez mais os espaços não convencionais para a criação e apresentação do seu produto poético.
AG - A poesia escrita sempre esteve presente em todas as linguagens que até aqui experimentei, e em todos os projetos multimídia que criei, tais como: Mostra Visual de Poesia Brasileira, Retalhos Imortais do SerAfim- Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, FestCampos de Poesia Falada, Fulinaíma Sax Blues Poesia, bem como em todas as minhas performances, fossem elas encenações teatrais ou simplesmente poéticas. Chegar a produção do áudio visual, de uma certa forma não foi uma coisa planejada, mas quando começou a acontecer, meu principal interesse era levar a poesia para esta linguagem, foi e continua sendo o mais natural possível, mesmo que em alguns filmes que eu tenha produzido, a poesia esteja ali enquanto essência estética. Mas a minha intenção com o áudio visual, é basicamente essa: colocar a poesia para circular numa mídia onde ela tenha a possibilidade de ser vista, lida, ouvida e sentida por todos os sentidos do corpo humano.
CP – Fale um pouco da Fulinaíma Filmes.
AG - A Fulinaíma Filmes nasceu graças ao Jiddu Saldanha, e o seu projeto Cinema Possível, nossos primeiros filmes nasceram de uma parceria que está chegando há duas décadas, e acredito que conseguimos alimentar de uma certa forma a Arte do outro, sem interferir na produção pessoal de cada um. Queremos produzir o possível cinema que não necessita de grandes aparatos, ou grandes produções. Continuo a ser essencialmente um poeta que aprendeu a lidar com outras linguagens e aproveitar de uma tecnologia barata a nossa disposição hoje, e daí aproveitar cada vez mais os espaços não convencionais para a criação e apresentação do seu produto poético.
Jura secreta 34
por que te amo
e amor não tem pele nome ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos e segredos
mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
por que te amo
no sol no sal no mar na neve
por que te amo
e amor não tem pele nome ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos e segredos
mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
por que te amo
no sol no sal no mar na neve
(arturgomes)
Veja a atriz May Pasquetti recitando Jura Secreta 34 do poeta Artur Gomes
AG - Em cinema gosto dos Dramas, e das grandes Comédias, quanto a influências com certeza toda a obra do Glauber Rocha, sem descartar os filmes de Arte propriamente ditos. Sou um discípulo confesso do Oswald de Andrade, por isso a sátira o humor o escracho, os retalhos, os fragmentos, estejam eles focados em questões sócio políticas, amorosas, eróticas ou as pequenas cosias do cotidiano, sempre me atraem também da mesma forma que os filmes mais sérios e voltados para os grandes temas da humanidade: vida paixão e morte por exemplo como na poesia do Mário Faustino.
CP – O que você acha que pode melhorar, no panorama do cinema brasileiro?
AG - Olha, não sou muito preocupado com esta questão de Mercado, é uma coisa que para mim passa muito distante como uma Escola de Samba que atravessa literalmente na Avenida, como frisa Zeca Baleiro numa de suas belas canções do CD Líricas. Acho que a preocupação deveria estar mais focada na Arte Cinematográfica em si, e menos nas bilheterias como esse apelo desenfreado para mostra o que de pior temos na sociedade como a violência, a corrupção, o banditismo entranhando em todas as áreas.
Acho que a Arte tem sim o seu compromisso com a realidade, mas pode ser mostrado de outra forma, violência pela violência não me atrai. Filmes como Cidade de Deus, Tropa de Elite, Carandiru, por mais bem produzidos e finalizados, não são obras que me toquem de alguma forma. Sou muito mais afeito a filmes como Morte em Veneza, por exemplo.
AG - Olha, não sou muito preocupado com esta questão de Mercado, é uma coisa que para mim passa muito distante como uma Escola de Samba que atravessa literalmente na Avenida, como frisa Zeca Baleiro numa de suas belas canções do CD Líricas. Acho que a preocupação deveria estar mais focada na Arte Cinematográfica em si, e menos nas bilheterias como esse apelo desenfreado para mostra o que de pior temos na sociedade como a violência, a corrupção, o banditismo entranhando em todas as áreas.
Acho que a Arte tem sim o seu compromisso com a realidade, mas pode ser mostrado de outra forma, violência pela violência não me atrai. Filmes como Cidade de Deus, Tropa de Elite, Carandiru, por mais bem produzidos e finalizados, não são obras que me toquem de alguma forma. Sou muito mais afeito a filmes como Morte em Veneza, por exemplo.
veracidade
porque trancar as portas
tentar proibir as entradas
se eu já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?
um beija flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e este asfalto sob a sola dos meus pés:
agulha nos meus dedos
quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário:
João Guimarães Rosa Martins Fontes Caio Prado
um bacanal de ruas tortas
eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua aurora
Artur Gomes SampleAndo
tentar proibir as entradas
se eu já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?
um beija flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e este asfalto sob a sola dos meus pés:
agulha nos meus dedos
quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário:
João Guimarães Rosa Martins Fontes Caio Prado
um bacanal de ruas tortas
eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua aurora
Artur Gomes SampleAndo
Artur Gomes fala o poema Veracidade, veja o vídeo da fulinaíma filmes.
AG - Para citar apenas 2, fico com Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, duas obras primas do Glauber.
CP - Quem é Artur Gomes, por Artur Gomes?
AG - Um poeta sem papas na língua, que chegou onde chegou pela ousadia da sua linguagem, que com lirismo e sagaraNAgens conseguedesafinar o coro dos contentes, para concretizar a profecia do Torquato Neto, poeta entre os meus de cabeceira, e que ainda insiste em ter o prazer de escrever, falar, produzir poesia simplesmente pelo prazer de ser o que é: um bardo do caos urbano sem nenhuma palavra bíblica e muito menos avária.
Desde que aprendeu a arrancar do gesto a palavra chave da palavra a imagem xis tudo por um risco tudo por triz.
Poeta, ator, videomaker e agitador cultural. Artur Gomes é um dedicado blogueiro, veja aqui seus principais blogs.
O Poeta Renato Gusmão comenta Artur Gomes
Desde que aprendeu a arrancar do gesto a palavra chave da palavra a imagem xis tudo por um risco tudo por triz.
Poeta, ator, videomaker e agitador cultural. Artur Gomes é um dedicado blogueiro, veja aqui seus principais blogs.
experimentações interlinguagens – http://pelegrafia.blogspot.com
nação goytacá – http://boytacity.blogspot.com
vídeo poesia http://courocrucarneviva.blogspot.com
Federico Baudelaire – http://federicobaudelaire.blogspot.com
Sampleando sempre ando – http://artur-gomess.blogspot.com
Musa da minnha Cannon – http://musadaminhacannon.blogspot.com
O Poeta Renato Gusmão comenta Artur Gomes
Renato Gusmão, um poetaparaense de Belem do Pará |
- ARTUR GOMES NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO
Poesia moderna, escrachada, humorada, mundana, sagrada, saída dos cantos dos Campos Goitacazes, largada na primeira Avenida do Rio de Janeiro para depois ser encontrada em qualquer canto do mundo através do pulsar de outros poetas, declamadores fanáticos, admiradores dos poemas bem feitos, blogueiros, twiteiros.
Artur Gomes é isso e aquilo, é a própria comunicação, é a palavra apalavrada fluindo e efervescendo da boca cuspindo verbos. Uma boca que pensa poeticamente e fala e fala muito. Toda hora, sem trégua. Artur é poesia todo santo dia, profanamente dia a dia. Benditos os caçadores de poesias que delas se entregam ao abate visceral. Artur Gomes evoca e adere aos santos do lirismo e da sagaraNAgem e só ele sabe o que fazer com as palavras.
Saber da poesia de Artur Gomes é privilégio e definitivamente guardar na memória. Ouvir a declamação de Artur Gomes é ganhar presentes e definitivamente guardar no coração.
Visite o blog de Renato Gusmão - http://jrenatoogusmao.blogspot.com/